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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

FIM DE TARDE



Apresentação da Orquestra de Câmara Paulista na Livraria Cultura para lançamento do CD Sarau Brazil.
CARLOS GOMES - Analia Ingrata - CD Sarau Brazil



ÚLTIMA CARTA DE CARLOS GOMES:

A seguir, uma das últimas cartas ditadas e endereçadas por Carlos Gomes, esta ao Senador Antonio Lemos, sete dias antes de sua morte em Belém:
“Pará, 9 de setembro de 1896
Prezado amigo senador Lemos
Só hoje, que um levíssimo alívio me permite, posso endereçar ao amigo as expressões sinceras do pesar que senti ao saber da morte do zeloso administrador da Província do Pará, o Sr. Manuel Amazonas.
Infelizmente, todos sabem quanto é melindroso e pungente o meu estado! Peço, todavia, ao meu amigo, que faça chegar às mãos da viúva a quantia de 200$, da qual é portador o meu particular amigo, o Sr. Professor Clemente Ferreira, que também irá representar-me no dito concerto, a fim de mais uma vez patentear ao ilustre amigo o meu pesar e a minha alegria: pesar porque foi roubado à ativa corporação da Província um dos seus membros; alegria, porque o povo paraense nunca desmente sua generosidade, mitigando as dores da orfandade.
Como sempre, muito amigo e gratíssimo de coração.
Carlos Gomes”

Silio Boccanera Junior escreve:

“Carlos Gomes morreu, porém, torturado por mil dissabores e pela angústia de não ter sido compreendido nem auxiliado, senão por meia dúzia de amigos e fiéis companheiros.”

CARTA FALA DA DOENÇA:

Em carta de 12 de agosto de 1895 a Salvador a Manoel José de Souza Guimarães, faz referência à doença no trecho:

“(…) O meu estado de saúde vai-se agravando cada vez mais (…)
A inflamação da garganta tem sempre aumentado (nota que há mais de um ano não fumo absolutamente! Já me esqueci completamente do charuto…)
Creio que bem pouco poderei durar à vista de uma espécie de erupção cancerosa que, devido talvez ao clima de Pará, me apareceu no centro da língua. O meu caso, compadre, é decididamente grave (…)
(…) Não levarei saudade do mundo nem do Governo da República que tão injusto tem sido comigo.
Sinto, porém, não poder destruir tudo quanto minha mão tem escrito com tanto entusiasmo em prol da arte nacional…
Confesso entretanto a minha gratidão aos amigos do Pará que afinal de contas foram os únicos a darem um emprego que condiz com o meu ofício, conforme o meu antigo desejo.
Sei de tudo quanto se passa no venenoso gabinete do Conservatório do Rio.
Bem sei que, desde o tempo do Governo Provisório até hoje, qualquer vaga que se tenha dado ou que se der, nunca deixei nem deixarei de ser lembrado… para ser propositalmente excluído!
Agradeço a tua boa vontade a respeito da proposta de algum lugar para mim no Conservatório (…)
(…) Cada mortal cede ao próprio destino; o meu foi ou vai ser de acabar de sofrer no Pará; assim seja!”

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FRASE DA VEZ:

Talvez essa indecisão de espírito explique o hábito de trabalhar várias obras ao mesmo tempo, “TER MAIS DE UMA NO ESTALEIRO" - como dizia. (Antonio CARLOS GOMES)
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Fonte: Meu livro "OLHOS DE ÁGUIA - ANTONIO CARLOS GOMES - A TRAJETÓRIA DE UM GÊNIO" - a ser publicado em 2011.
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3 comentários:

  1. Recebi por e-mail do meu amigo Guy:

    "Denise
    Envio meus louvores à tua inteligência e nacionalismo em exaltar a excelsa "Vida de Carlos Gomes".
    Pelo Rio de Janeiro, nada se fez lembrando o genial compositor. Que diria o saudoso maestro Eleazar de Carvalho se aqui estivesse entre nós?
    Certamente os políticos levaram à falência a arte de cantar e representar. Pessoas que são completamente leigas em música erudita estão à frente da Cultura. E não é só aqui.
    No Brasil todo, os Estados que - ainda fazem música são São Paulo e Minas Gerais. Não importa.
    O Governo diz que "ópera é coisa ultrapassada". Daí você conclui a vastidão da ignorância reinante. A ópera é eterna. Enquanto existirem pessoas que diariamente buscam o piano, para aprimorar "o dedilhado" e "as escalas", teremos orquestras completas dando o seu "concertato", haverá público que respeita os clássicos.
    Os arpejos que Puccini arranca das cordas, os metais sopram notas com deleite, e encotramos o espírito indianista de CARLOS GOMES, no "Guarani" e "O Escravo" É sabido que CARLOS GOMES, brigou na Justiça italiana: motivo - o libretista não permitia que "O Hino da Liberdade",fosse incorporado à partitura do "Escravo", enquanto CARLOS GOMES havia prometido ao Tenente Gigante, que faria "questão" de vê-lo lá. Tendo a Justiça italiana dado "razão" ao literato SCALVINI, o nosso maestro retirou-a do cartaz e veio representá-la no Brasil. (continua) (no próximo dia)

    Abraços

    GUY MACHADO

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  2. Parabéns pelo livro que resgata a memória cultural de uma Nação.
    Rogoldoni

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