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sábado, 19 de fevereiro de 2011

O PASSADO EM CHAMAS

INCÊNCIOS

"Incêndios" mistura drama familiar com história regional e terrorismo.

Nawal Marwan (Lubna Azabal) sobrevive a um atentado terrorista. Anos depois, seus filhos viajam para desvendar seu passado.

Pouco depois da morte da mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal), os gêmeos canadenses Jeanne e Simon recebem um envelope com um testamento. 
                          Além de instruções para o sepultamento e decisões sobre o destino de seus bens, Nawal lhes deixa a missão de encontrar o pai, que acreditavam estar morto, e um meio-irmão, cuja existência ambos desconheciam. O testamento incluía cartas que deveriam ser entregues aos dois, quando encontrados.

                        Com poucas pistas nas mãos, mas dispostos a realizar o último desejo da mãe, Jeanne e Simon partem para uma peregrinação por países do Oriente Médio em busca de novas pistas sobre o paradeiro de seus parentes desconhecidos. A viagem também é uma jornada de autoconhecimento: à medida que o passado da família começa a vir à tona, os dois passam a saber detalhes inimagináveis de sua história e a compreender melhor as atitudes da mãe, antes tida como excêntrica.

                     Apesar de a estrutura do roteiro sugerir uma espécie de “caça ao tesouro”, Incêndios é um dos filmes mais incômodos do ano. Indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o drama canadense usa a história familiar como ponto de partida para mostrar as atrocidades cometidas durante conflitos entre facções fundamentalistas rivais. Há cenas de estupro, tortura, atentados terroristas e execução de uma criança. Em outros trechos do filme, o horror é psicológico. Ao desvendar gradualmente a verdadeira história dos pais, os gêmeos descobrem segredos sombrios, capazes de mudar sua personalidade para sempre.
                        A mistura de drama familiar com história regional costuma fazer sucesso na disputa de Melhor Filme Estrangeiro, mas o terrorismo não está entre um dos temas favoritos dos jurados, que preferem tramas menos áridas. Em 2005, o drama Paradise now, sobre dois amigos recrutados para atentados suicidas, era o favorito, mas perdeu a estatueta para o sul-africano Tsotsi. Entre os indicados deste ano, o mexicano Biutiful, com Javier Bardem, e o dinamarquês Em um mundo melhor, vencedor do Globo de Ouro, parecem mais adaptados aos gostos da Academia. A mesma aridez que deverá tirar o Oscar de Incêndios faz dele um filme honesto e perturbador, capaz de assombrar os espectadores muito tempo depois do fim da sessão.

Trailler:


SOFRIMENTO DO MAR

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