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quarta-feira, 23 de março de 2011

AS EDITORAS E A PIRATARIA

AS EDITORAS BRASILEIRAS E A PIRATARIA

“A internet está sempre um passo à frente da repressão", diz Paulo Coelho

                                   Desde agosto de 2009, quatro pessoas, entre elas dois advogados, trabalham até 10 horas por dia procurando links que permitem o download gratuito de livros publicados por editoras brasileiras. Eles verificam a integralidade das obras e seguem passos que vão de notificações extrajudiciais para a retirada dos endereços até processos judiciais por burla à lei que protege os direitos autorais.
                                   A tarefa ao modo de Sísifo é parte do esforço da Associação Brasileira de Direitos Reprográficos (ABDR) para conter a pirataria digital de livros. “Os números são expressivos”, diz Dalton Morato, representante da entidade. “Até fevereiro de 2010 foram retirados da internet 59.640 links que permitiam o download de livros e movemos 15 processos contra quem se negou a fazê-lo.” 
                              A teia imensurável de sites e a divulgação ad infinitum dos endereços apequena o total festejado. A partir de um par de links ativos durante três anos e monitorado pela ABDR foram feitos, até a proibição em 2010, cerca de 180.000 downloads do mesmo livro, um exemplar didático. “É improvável que tantos exemplares desse livro tenham sido vendidos nas livrarias”, diz Morato.

                              Apesar do crescimento que nas duas maiores redes de livrarias do país chega a 1.000% entre 2009 e 2010, o percentual de vendas de livros digitais mal chega a 0,5% do total do mercado livreiro. “Para se consolidar, o mercado de livros digitais depende da popularização de e-readers e tablets. É coisa para daqui a cinco anos”, prevê Sergio Machado, diretor da editora Record.
                         Iniciativas preventivas como a da ABDR, financiadas por um grupo de editoras, decorrem do temor de que a indústria editorial venha a passar pelo mesmo processo de trauma que a indústria fonográfica. Ou seja, que a pirataria corroa o mercado e desestabilize a relação entre autores e editoras, como aconteceu depois do advento do Napster, em 1999, que permitiu o compartilhamento de música sem nenhum controle das gravadoras. Mas, dentro do próprio setor, há quem pense de maneira oposta.

Pirataria consentida 
                                    Em 2008, durante uma palestra em Munique, na Alemanha, o escritor brasileiro Paulo Coelho apresentou à platéia um site alimentado por leitores que disponibilizava os seus livros na íntegra, em mais de 40 línguas, para download sem custo. O autor de O Alquimista, que já vendeu mais de 100 milhões de exemplares dos seus 15 romances, criou o Pirate Coelho, em 2009, nos moldes do que apresentara e passou a alimentá-lo com ajuda dos seus leitores.

                                   Em janeiro deste ano, depois de ter seus livros censurados no Irã por questões políticas, o escritor divulgou um link do seu site oficial de onde é possível baixar todos os seus livros traduzidos para o farsi. “Negar acesso a conteúdo na internet tem duas explicações: ganância e ignorância”, disse ele em uma uma conferência em Istambul, na Turquia.
 AQUARELA 


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